En dehors é o termo usado no ballet clássico para designar a rotação externa dos membros inferiores. O en dehor, ou turnout em inglês, é uma habilidade básica para o bailarino clássico. É também o diferencial da técnica clássica. A movimentação do ballet está embasada nas cinco posições dos pés e todas elas são em rotação externa. Exatamente por se trabalhar nesta postura é que o bailarino fica com o desenho da musculatura tão particular.
Porém, nem todos os alunos conseguem executar a rotação externa ideal. Vários fatores ósseos, ligamentares e musculares, podem não permitir que essa postura seja adotada em sua plenitude. Contudo, tal possibilidade não impede que o aluno possa trabalhar o “seu” máximo e atingir o “seu” melhor. Isso não quer dizer que o bailarino deva se satisfazer com pouco, mas sim que ele deve trabalhar com inteligência, de forma a diminuir a possibilidade de lesões.
O en dehor, tão importante para o ballet, não é uma postura fixa, é um movimento. A manutenção da rotação externa é extremamente importante e depende de um bom fortalecimento muscular e trabalho de flexibilidade. Enquanto estiver em sala de aula, o bailarino deve estar constantemente atento a musculatura, mantendo uma contração constante (isométrica) dos músculos pertinentes ao trabalho. Basicamente a musculatura que deve estar ativa durante o trabalho para a manutenção do en dehor é: No quadril: as fibras mais profundas e baixas do glúteo máximo e os seis rotadores externos. Na coxa: o bíceps da coxa e o sartório. Na perna: os eversores dos pés. Cabe ainda lembrar que, para que a musculatura possa atuar plenamente, a pelve deve estar neutra, sem retroversão nem anteversão.
Quero reiterar que o estudante de ballet precisa sempre estar atento às suas limitações, deve questionar o seu professor, perguntar a ele se está trabalhando corretamente e se dedicar ao trabalho. Pouco a pouco, terá cada vez mais domínio da técnica clássica. O ballet é uma arte que carece do físico. Portanto é necessário que todos nós que amamos esta arte, aluno, professor, bailarino, estejamos atentos também às questões da preparação dos corpos. Que cada vez mais tenhamos amantes da técnica estudando e desenvolvendo pesquisas, de forma a contribuir para que tenhamos corpos inteligentes e mais preparados para perpetuar essa belíssima arte.
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